As facilidades da vida moderna já fazem parte da nossa rotina, e quase nunca paramos para analisar a infra-estrutura que elas demandam, estrutura que se faz necessária até para desfrutarmos de coisas simples como acender uma lâmpada.
Já que a maior parte da energia elétrica produzida no Brasil tem origem hidráulica - nasce das águas dos rios -, vamos abordar a geração a partir de uma hidrelétrica. Quando um rio tem condições favoráveis à instalação de uma usina, tais como volume hídrico, vazão e quedas d'água, são feitos estudos técnicos e ambientais para que se instale ali um empreendimento de geração.
Uma das principais peças de uma hidrelétrica é a sua barragem. Ela retém parte do rio, formando um reservatório - chamado de lago da usina - e deixa passar aquela quantidade de água que não vá interferir no curso normal do rio.
O lago da usina servirá como uma reserva para fazer funcionar a hidrelétrica até em tempos de seca. A água do reservatório é levada à casa de força, onde ficam as turbinas, pela tomada d'água. A rotação das turbinas faz com que a energia da água em movimento se torne energia mecânica. Essa rotação é transmitida a geradores, equipamentos que transformam a energia mecânica em elétrica.
Através do canal de fuga, a água deixa as turbinas e volta ao rio, enquanto a energia produzida nos geradores é transmitida para a subestação da usina, a partir de onde a eletricidade toma as linhas de transmissão do SNI (Sistema Interligado Nacional) e chega aos consumidores.
Uma usina pode se localizar tanto a montante como a jusante de um rio, isto é, tanto na área compreendida entre a sua nascente e a barragem como naquela entre a barragem e a foz. Por exemplo, no rio Grande, em Minas Gerais, a barragem de Furnas fica a montante da barragem de Estreito, enquanto a usina de Itaipu, no rio Paraná, encontra-se a jusante das outras duas barragens.
A diferença da altura do nível de água da montante para a jusante varia de acordo com a usina. No Brasil, há hidrelétricas com diferenças de alguns metros até outras com centenas de metros de distância entre uma e outra. Para facilitar, tomamos como exemplo a já citada usina de Itaipu, que é a maior do mundo em capacidade de geração.
Em Itaipu, a diferença é de mais de 100 metros, e o volume de água que desce dessa altura para as turbinas é enorme. A água escoa pelos dutos forçados, canos de aço de cerca de 10 metros de diâmetro, e atinge com grande força as turbinas, girando suas hélices com alta velocidade. Como já foi dito, é o movimento rotatório das turbinas que ativa os geradores da usina e o processo de transformação da energia potencial das águas em energia elétrica
Embora tenha uma voltagem muito alta para seguir direto para as residências, a energia elétrica gerada pelas usinas é de voltagem baixa demais para chegar às grandes cidades. Desse modo, antes de deixar a hidrelétrica ela deve passar do gerador a uma subestação elevadora, onde terá a tensão aumentada. Em alta tensão, a energia viaja centenas e até milhares de quilômetros de cabos, por cima das torres metálicas de transmissão, até as cidades.
Ao alcançar as cidades, a energia vai direto para as subestações rebaixadoras, onde tem a tensão aproximada daquela que abastece as residências e é distribuída pelas ruas em postes de concreto. Alguns postes contam com transformadores que finalizam o processo de rebaixamento da tensão, deixando a energia pronta para entrar nas casas - 110/220 Volts - pelo padrão de energia elétrica, onde fica o medidor que deve mensurar o consumo local.
Atingido o medidor, a energia passa pelo disjuntor geral, alinhado ao padrão elétrico, e segue para o quadro de distribuição de luz e força da casa, de onde é enviada para os interruptores que acenderão as lâmpadas e para as tomadas que ligarão os aparelhos elétricos.
Como se vê, por atrás de um ato tão simples como acender uma lâmpada há toda uma infra-estrutura que envolve milhares de profissionais, todo o tempo, para que possamos desfrutar das vantagens trazidas pela energia elétrica para as nossas vidas.